quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Quanto mais grave é uma doença, maior tem de ser a esperança. Porque a função da esperança é preencher o que nos falta. (Vergílio Ferreira)

Saiu, este Verão, um novo estudo da Universidade McMaster, no Canadá, que procura esclarecer mais um pouco como se desenvolve a doença celíaca. Aqui, a "acusação" pende mais para a culpabilidade do microbioma errado, uma via de investigação já há muito abordada pelo Dr. Alessio Fasano e a sua equipa. A questão fulcral é saber se estimulando o desenvolvimento de um microbioma intestinal "bom" se consegue restaurar a tolerância ao glúten, havendo que esclarecer também quais são as bactérias que interessam promover para esse efeito. Para já, a ciência parece estar a caminhar a bom ritmo na direcção certa. Artigo daqui.
"Causas da Doença celíaca: as bactérias do intestino podem determinar se vai desenvolver a doença
Um novo estudo revelou que o glúten, que é conhecida por danificar o intestino delgado das pessoas que sofrem de doença celíaca, pode ser metabolizado pelas bactérias intestinais quando as enzimas falham na sua digestão.
No estudo publicado online na revista Gastroenterology, os investigadores da Universidade McMaster no Ontário, Canadá, descobriram que os ratos com presença de bactérias Pseudomonas Aeruginosa (PSA), isoladas de pacientes com doença celíaca, metabolizaram o glúten - uma proteína encontrada em cereais como trigo, centeio e cevada - de forma diferente de ratos que tinham sido tratados com Lactobacillus.
A doença celíaca é uma desordem auto-imune genética, na qual o paciente é incapaz de digerir o glúten completamente, levando a uma resposta imune em que os anticorpos atacam os órgãos internos tais como o intestino delgado. Isso danifica as vilosidades que permitem a absorção de nutrientes no intestino delgado, fazendo com que o corpo do paciente perca nutrientes como ferro, ácido fólico, cálcio, vitamina D, proteína, gordura e outros compostos alimentares que são essenciais.
A Fundação da Doença Celíaca, com sede na Califórnia, estimou que a doença afecta 1 em cada 100 pessoas em todo o mundo, enquanto nos Estados Unidos quase 2,5 milhões de pessoas ainda não foram diagnosticadas, expondo-os ao risco de complicações de saúde a longo prazo.
Ao estudar a química do metabolismo do glúten através da PSA e Lactobacillus, os investigadores descobriram que as Lactobacillus foram capazes de desintoxicar o glúten, enquanto as PSA produziram sequências de glúten que mostraram semelhanças com a inflamação em pacientes com doença celíaca.
"Assim, o tipo de bactérias que temos no nosso intestino contribui para a digestão do glúten, e a forma como esta digestão é realizada poderia aumentar ou diminuir as hipóteses de desenvolver a doença celíaca numa pessoa com risco genético", disse a autora principal do estudo, a Dra. Elena Verdu, professora associada da Escola de Medicina Michael G. DeGroote da Universidade McMaster, num comunicado de imprensa.
"A doença celíaca é causada pelo glúten em pessoas geneticamente predispostas, mas as bactérias no nosso intestino podem fazer pender a balança nalgumas pessoas para desenvolver a doença ou manter-se saudável", explicou ela.
Actualmente não há cura para a doença, sendo o único tratamento disponível uma dieta rigorosa, isenta de glúten para toda a vida. A Dra. Verdu, no entanto, disse: "Podemos estar mais perto de compreender a forma como as bactérias do intestino e os patogéneos oportunistas, tais como a PSA, podem afectar o risco de doença celíaca. Isto ajudar-nos-á a desenvolver estratégias para prevenir estes transtornos, mas é necessária mais investigação."

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