domingo, 17 de janeiro de 2016

...nem domingo sem missa...

Não há sábado sem sol, nem domingo sem missa, nem segunda sem preguiça
por Raúl Iturra
Podemos continuar com os ditados que orientam a nossa vida, ou nos oferecem uma esperança no meio do maior dos desastres que o governo português nos tem oferecido: crises económicas, falta de dinheiro, restrições alimentares, dificuldades em comprar fármacos para melhorar a nossa saúde. Não deve ser uma novidade para o povo a falta de nutrição, especialmente desde a Primeira República, em 1910, até o 25 de Abril de 1974. No entanto, fala-se do bom povo português pela sua capacidade de sofrimento e de aceitar a vida como tem que ser, pelos falhanços ou de governação, ou da criação de indústrias transformadores, referidas no meu texto de 3 de Março de 2011: quem pensa não casa; quem casa não pensa, ditado que analisara com metodologia semiológica e bastante hermenêutica. Conceito este, que abre o segredo contido nas palavras ou interpreta o sentido das palavras, metodologia que, infelizmente é pouco usada. Como seria possível entender Adam Smith, se não diferenciamos entre inclinação natural ao trabalho e escavar a terra, também trabalho, mas entregue aos mais desvalidos da nação britânica, como em todos os países do mundo, especialmente no próximo oriente, com um Khadafi que organiza uma guerra civil na Líbia para se manter no poder, ou um Mubarack no Egipto, que saiu calado do poder.
O povo sofre com ou sem ditador. Porque há um que ninguém refere: o capital, essa forma de trabalho que subordina os pobres, ao poder dos financistas e proprietários de terra e de indústrias. Como Champalimaud e Azevedo, ou Heredias e van Udem, os Espírito Santo, nome conveniente, porque o saber da banca está com eles por inspiração divina… ou os Costa, família de músicos aprendida desde o avô Luís Costa. A música e a interpretação dão regalias da qual o povo carece, até edifícios de música, nomeado em honra da melhor pianista portuguesa, Helena de Sá e Costa, e a sua irmã, a violoncelista Dona Madalena
É apenas pela hermenêutica da comparação que podemos entender o ditado que intitula este texto. Esse Sábado sem sol é o anseio para descansar do operariado, dos duros trabalhos da semana, se não tiver turno de trabalho no sábado com ou sem sol. Um Sábado com sol, é uma jóia para quem passa todo o seu tempo entre quatro paredes, a limpar, estucar, construir e finalizar uma casa. Um sábado com sol é a alegria da casa. Para a Burguesia e a Pequena Burguesia, conceito cunhados por Kart Marx ao longo de toda a sua obra, o Sábado é o dia em que se dorme mais, com toda a semana em frente para andar, como diria o escritor chileno Baldomero Lillo Figueroa, considerado um mestre do realismo social no seu país (n. Lota, 6 de Janeiro de 1867 - San Bernardo, 10 de Setembro de 1923).
Entre as suas obras principais encontram-se as colecções de contos Subterra (1904, série de relatos dramáticos baseados nos mineiros do carvão de Lota) e Subsole (1907, contos menos dramáticos, baseados na vida rural). Tanto, para sábado sem sol.
Quanto a Domingo sem Missa, é quase uma frase de tempos passados, quando o nosso país vivia sob o poder da Concordata, e das amizades do Cardeal Cerejeira e da ditadura que governava o país. A seguir ao 25 de Abril, o país virou ateu, excepto a devoção de crentes e não crentes ao santuário onde teria aparecido a Nossa Senhora de Fátima. Bem sabemos que há a metáfora de um profeta, denominado Jesus, que tinha uma mãe que, além de casta, era polivalente: do Carmo, Fátima, do Rosário, do Pilar, a Virgem Negra de Monserrate, etc., conforme as conveniências dos fiéis, como a Nossa Senhora de Knock, na Irlanda, desde 1879, quando a República estava submetida à Monarquia Britânica, ou de Guadalupe, no México – é considerada pelos católicos a Padroeira da Cidade do México (1737), do México (1895), da América Latina (1945) e Imperatriz da América (2000). Sua origem está na aparição da Virgem Maria a um pobre índio da tribo Nahua, Juan Diego Cuauhtlatoatzin, em Tepeyac, noroeste da Cidade do México, em 9 de Dezembro de 1531. Deste facto nasce a frase Anda Diego e conta esta história… O Anda Diego, é aplicado como mote para os que não trabalham.
Quanto a Segunda sem preguiça, é uma forma de ser que todo o mundo usa. Porque a seguir a dois dias de descanso, festas, amores e outras vanidades, tornar a fazer o que não se deseja causa desalento e a maldição a Adão e Eva está sempre nas bocas de crentes e não crentes
Este é o meu comentário hermenêutico e semiológico sobre o ditado português que intitula o texto.


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