quinta-feira, 14 de novembro de 2013

"A palavra empolga, o exemplo ensina." (J. Joubert)

Os sites das Finanças, bancos, supermercados e jornais não estão adaptados para os internautas com necessidades especiais. Mais de 900 mil pessoas poderão ser afetadas.

Entre os 20 sites portugueses mais populares, não há um único que passe os testes de acessibilidade que garantem que os conteúdos são apresentados da forma mais conveniente a pessoas com dificuldade de audição, visão ou manipulação do rato e do teclado. Google, OLX, Sapo ou Millennium são alguns dos casos dos endereços comerciais que estão a alienar utilizadores ao desrespeitarem a norma WCAG 2.0 – mas não serão os casos de maior gravidade. Portal das Finanças, Portal do Cidadão, Parlamento, Portal da Saúde e Diário da República podem não constar na lista dos sites mais populares, mas também não respeitam a norma. O que significa que não estão a cumprir o Regulamento Nacional de Interoperabilidade Digital (RNID), que tornou a compatibilidade com a WCAG2.0 obrigatória nos sites da Administração Pública (AP), desde fevereiro de 2013.
Um copy/paste chega para tirar as dúvidas no site da Unidade de Acesso da Fundação para Ciência e Tecnologias (UAFCT; acessibilidade.gov.pt): endereço a endereço, o sistema de testes automáticos apresenta diagnósticos. Uma parte considerável dos sites apresenta índices positivos, mas todos chumbam devido à deteção de, pelo menos, um «Erro de nível A», que evidencia uma ou mais barreiras impeditivas para o acesso à informação.
«A ONU usa ferramentas similares, mas estes testes automáticos não têm em conta todos os passos que as pessoas têm de seguir para chegar à informação. Um exemplo: no Diário da República Eletrónico todos os diplomas estão publicados em versão de texto, mas o problema está nos passos que têm de ser dados pelos internautas para chegar a essas versões. O panorama pode ser pior, caso se faça uma análise que vá além da primeira página de cada site», explica Jorge Fernandes, coordenador UAFCT.
Portugal entre os melhores
Estarão os sites comerciais e da AP a falhar na acessibilidade? Depende do ponto de vista. Jorge Fernandes recorda que, em 2011, a ONU colocou os serviços on-line da AP portuguesa no segundo lugar mundial (o primeiro lugar foi para a Alemanha). Mas para quem tem limitações de ordem física esse segundo lugar mundial de 2011 tem um valor relativo. O facto de muitos outros países prestarem serviços menos acessíveis não chega para amenizar a eventual frustração de uma faixa da população que Jorge Fernandes estima rondar os 900 mil potenciais internautas.(…)
Cinco erros comuns
Jorge Fernandes, coordenador da UAFCT, dá a conhecer cinco erros elementares que dificultam o acesso aos sites por pessoas com limitações visuais. «Muitos destes erros podiam ser eliminados com um esforço mínimo», garante:
-  Imagens sem legenda
-  Inexistência de link direto para o corpo principal da página
- Vídeos sem legendagem
- Menus navegáveis apenas com rato
- Textos em movimento e atualização automática

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