terça-feira, 11 de junho de 2013

"A matemática não pode apagar nenhum preconceito." (Goethe)


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A formação em matemática tem duas especificidades. Por um lado, a aprendizagem é sequencial. Não se compreende a fase seguinte sem dispor dos conhecimentos prévios, ou seja, as bases, os alicerces em que assentarão os saberes subsequentes. Claro que quando falham as bases, falha toda a progressão. Quem não entendeu a matéria do sétimo ou oitavo ano de escolaridade dificilmente recuperará mais tarde. Por outro lado, nesta ciência os conhecimentos chegam aos alunos apenas através do sistema de ensino, das aulas. Não há estímulos exteriores à aprendizagem. Contrariamente a outras áreas, como a história, as línguas ou as artes, em que há aquisição de conhecimentos através da televisão, a ler jornais ou em viagens e visitas a exposições – na matemática só se adquire conhecimento na escola. Se esta falha, falha tudo. E infelizmente o sistema de ensino não tem garantido a devida qualidade dos professores. Um mau professor, que não consiga transmitir devidamente o saber, quebra a cadeia de conhecimentos e impede a progressão nos anos seguintes. Falhando um elo na cadeia, esta quebra e fica destruída a carreira de aprendizagem talvez para toda a vida. Num só ano, um mau professor pode prejudicar a vida de dezenas de alunos. Os efeitos em termos da estrutura de recursos humanos do País são desastrosos. Muitos dos que poderiam ter ido para ciências ou engenharia – e apenas para fugir às matemáticas – vão para letras ou humanidades, áreas de emprego escasso. Engrossam assim o rol dos desempregados. Acresce que os portugueses são diariamente bombardeados com números que não entendem. Para sorte dos políticos! Se o povo entendesse o seu real significado, a revolução não tardaria a chegar.
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