sábado, 9 de março de 2013

Desde que formativo, qualquer modelo serve


Relatório da OCDE defende que resultados dos alunos devem contar para a avaliação docente, uma medida rejeitada por cá.
Portugal é um dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) onde existe “uma combinação mal sucedida” entre os resultados obtidos pelos docentes na sua avaliação e aqueles que são alcançados pelos estudantes, constata-se num relatório daquela organização ontem divulgado.
Enquanto a maioria dos professores continua a assegurar as classificações mais elevadas na sua avaliação, o desempenho dos alunos é insatisfatório, explica-se no documento, onde se acrescenta que esta “combinação mal sucedida entre a mensagem enviada aos professores e o desempenho do sistema educativo no que respeita aos resultados obtidos pelos estudantes reforça a importância destes serem utilizados sistematicamente na avaliação dos docentes”.
Esta é uma das boas práticas recomendadas pela OCDE para se alcançar aquele que a organização defende dever ser o principal objectivo da avaliação docente: contribuir para a melhoria do sistema de ensino e não apenas para a progressão na carreira. A outra é a observação das aulas, porque é aí, “quando os professores interagem com os seus alunos”, que são revelados “muitos dos aspectos centrais da prática de ensinar”, ou seja, a observação das aulas é uma das “principais fontes de informação” sobre a qualidade dos professores, sendo este, como é sabido, um dos factores que “influencia os resultados dos estudantes”.
No seu relatório Teachers for the 21st Century — Using Evaluation to Improve Teaching (“Professores para o século XXI – Usar a avaliação para melhorar o ensino”), citam-se os resultados de dois estudos recentes desenvolvidos nos EUA que provam existir uma relação entre a avaliação do docente baseada na observação de aulas e o bom desempenho dos estudantes.
No seu relatório, a OCDE reconhece que será sempre difícil “identificar o contributo específico de um professor no desempenho dos alunos”, uma vez que a aprendizagem é um processo “influenciado por muitos factores”. Mas o que não pode acontecer, frisa-se, é isentar-se os professores da obrigação de apresentarem provas que mostrem o progresso feito pelos alunos nas suas aulas. O ministro Nuno Crato também defende que os resultados dos alunos devem contar para a avaliação dos professores, mas já disse que pensa não existirem condições actualmente para impor esta medida, porque esta poderia ser um “incentivo à inflação das notas pelos professores”. 
(Público de hoje com supressões)

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