sábado, 15 de setembro de 2012

"Toda a dificuldade deve ser resolvida enquanto ainda é fácil." (Textos Toistas)


A maioria dos alunos não conseguirá alcançar o que vai ser obrigatório em fluência da leitura, adverte investigadora(…)
Dulce Gonçalves sabe do que fala. Nos últimos três anos tem coordenado o projecto Investigação das Dificuldades para a Evolução da Aprendizagem (IDEA) da Universidade de Lisboa, no âmbito do qual tem acompanhado várias escolas, tendo na base a avaliação e o acompanhamento da evolução precisamente em fluência da leitura, embora não só. Os resultados foram apresentados em Junho, em Avis.
Na terça-feira, o IDEA voltou a promover novo seminário naquela vila alentejana, agora já na posse das novas metas curriculares, cujo aplicação este ano é já "fortemente recomendada" pelo Ministério da Educação e Ciência e que passarão a ser obrigatórias no próximo.
No 1.º ano todos os alunos terão de conseguir ler 55 palavras por minutos; no 2.º ano 90; no 3.º 110; no 4.º 125 e por aí fora. Dulce Gonçalves não tem dúvidas de que tal é "impossível" e aponta como exemplo os resultados apresentados esta semana em Avis. Aterradores. O método de medição proposto pelo ministério é o mesmo que tem sido utilizado pelos investigadores do IDEA. Mas bastou sobrepor uma linha aos gráficos que davam conta das avaliações feitas nas escolas parceiras do projecto para ver o que poderá acontecer: com os novos indicadores impostos aos alunos, pelo menos mais de metade dos estudantes de todas as turmas e escolas avaliadas não conseguiriam alcançar os descritores de desempenho em fluência de leitura que o MEC dá como obrigatórios em cada ano de escolaridade. Há mesmo casos, como o descrito no gráfico que acompanha este texto, em que nenhum alcançaria o objectivo.
Dulce Gonçalves frisa que entre os alunos avaliados não figura nenhum com necessidades educativas especiais e que nenhuma das escolas parceiras do IDEA se pode descrever como sendo problemática. Em vez de melhorar a qualidade do ensino e as aprendizagens dos alunos conforme anunciado, este tipo de descritores de desempenho incluídos nas metas curriculares vão levar a que "surjam novas dificuldades de aprendizagem", alerta a psicóloga, que desafia os pais a experimentarem fazer o que irá agora ser pedido aos filhos. (…)


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