quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Na (des)igualdade nos (des)entendemos


Cerca de 60% dos alunos cujos pais têm baixos níveis de instrução não conseguem concluir o ensino secundário em Portugal. E só menos de 20% chegam à universidade. Segundo o relatório da OCDE, ‘Education at Glance’, ontem divulgado, apenas a Turquia está pior, com quase 70%. Somos também, juntamente com os turcos, o país onde os filhos de pais com estudos superiores têm mais probabilidade de obter também nível de instrução elevado
O relatório, que na maioria dos dados se reporta ao ano lectivo 2009/10, aponta os progressos de Portugal na Educação, mas refere que ainda há muito a fazer, uma vez que apenas metade das pessoas entre os 25 e os 34 anos conclui o ensino secundário. "Portugal investiu muito em dar mais tempo de estudo aos alunos. Mas o aumento do número de alunos por turma piora o nível da educação e Portugal foi o que mais cresceu", afirmou o director-adjunto da OCDE, Andreas Schleicher.
O relatório refere que Portugal reduziu o investimento em educação de 5,9% do PIB em 2009 para 3,8% em 2012, alertando para os riscos dessa opção.
Segundo o documento, os salários dos professores portugueses com 15 anos de carreira estão quase na média da OCDE, acima de Noruega, França e Suécia, por exemplo. Mas o relatório lembra que os cortes de 2012 alteraram a situação. Mário Nogueira, da FENPROF, lembra contudo que estas estatísticas "só contabilizam professores dos quadros" e esquecem que "mais de 30% dos docentes em Portugal são contratados" – estes auferem um salário bruto de 1379 euros.
O relatório diz ainda que Portugal vai ter mais 10% de alunos entre os 15 e 19 anos em 2015 do que tinha em 2005.
O ministro da Educação tem apontado uma redução de 200 mil alunos nos últimos três anos para justificar a dispensa de docentes. Confrontada pelo CM, a tutela aponta para uma redução de alunos no ensino público de cerca de 1,5 para 1,3 milhões entre 2008/09 e 2011/12, apenas no continente.

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