sexta-feira, 18 de maio de 2012

Alexandre Ventura - como o recordamos?

Avaliar professores: tarefa tão difícil quanto fundamental
Pesquisador português, que participa nesta semana de congresso em São Paulo, fala da importância da avaliação de docentes para a qualidade do ensino
"As pessoas não gostam de ser avaliadas. Nós, por natureza, gostamos de avaliar os outros, mas quando somos o objeto dessa avaliação reagimos mal e resistimos", diz Alexandre Ventura, pesquisador português responsável pela implementação do sistema de avaliação de docentes em Portugal. Ventura, que está no Brasil para participar do maior evento de educação da América Latina, o Educar/Educador, que será aberto nesta quarta-feira, em São Paulo, concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA.
Como são feitas as avaliações ao redor do mundo? Ainda existe uma heterogeneidade entre os modelos. Na França, a avaliação é feita pela equipe pedagógica da escola. Na Inglaterra, o responsável é o diretor da escola, e avaliadores externos também são treinados para a avaliação. Em Portugual, são os próprios professores que avaliam uns aos outros. Não existe um consenso sobre qual modelo funciona melhor. Eu diria que um modelo bastante eficaz seria o que misturasse avaliadores externos e internos. Mas trata-se de uma alternativa onerosa e pouco utilizada.
Como desenvolver uma avaliação eficaz? O aspecto essencial é que ela seja justa e eficaz. É preciso transparência nos objetivos para que isso desperte confiança por parte dos professores. É preciso também que ela não se baseie em um único aspecto do desempenho do professor. Isso costuma ser tentador para muitas escolas: avaliar apenas o plano de aula dos docentes ou apenas a maneira como eles se portam na sala de aula. Isso só não basta. Por outro lado, corre-se o risco de avaliar muitas coisas e, ao final das contas, não se avaliar nada. É preciso ter a medida certa ou o caldo desanda. Por fim, é preciso treinar bem os avaliadores, sejam eles agentes externos ou internos da escola.
O que fazer com os resultados dessas avaliações? Em primeiro lugar, só faz sentido levar a cabo a avaliação de desempenho dos professores se ela vier para enriquecer a prática docente e, consequentemente, a educação. Fazer da avaliação um fim em si mesma é prejudicial. Neste caso, é melhor não ter avaliação alguma. O objetivo essencial é encorajar a melhoria de professores e escolas. Aqueles que são bons, precisam ser ainda melhores; aqueles que estão aquém do desejado, precisam encontrar suporte para melhorar suas práticas. Em última instância, defendo o afastamento de alguns profissionais que, por uma série de fatores, não podem ser professores. Insistir em ter essas pessoas na sala de aula é prejudicar o desenvolvimento do país.

Sem comentários:

Enviar um comentário